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O Segredo do Chocolate no Dia dos Namorados

Olá,

Trago hoje um artigo que fala de um dos ingredientes mais simbólicos do amor: o chocolate. À primeira vista podem dizer que sou suspeita ao dizê-lo, mas têm de admitir que é talvez o sabor da paixão e do amor. Para além do seu sabor delicioso, quer seja comido simples, num bolo ou sobremesa, o chocolate traz segredos históricos que o tornam ainda mais especial. Hoje é dia de desvendar um bocadinho – vá, relembrar ou dar a conhecer – do segredo do chocolate no Dia dos Namorados.

Por acaso algum dia se questionaram sobre a razão pela qual andamos todos a oferecer chocolate no Dia dos Namorados? Pois bem, vão passar a sabê-lo hoje. A princípio foram atribuídos ao chocolate “poderes” afrodisíacos e, posteriormente, foi eleito o presente ideal na Era Vitoriana. Mas não fica por aqui.

 

Mais uma vez: o cacau dos Maias e Astecas

De antemão, devo dizer que a história do chocolate tem muito que se lhe diga. A bebida dos deuses já andou por barcos, carroças, carros até chegar ao que hoje muito adoramos, o chocolate.

As civilizações Astecas e Maias, que viveram na atual zona do México, criaram uma série de tradições religiosas e medicinais que proliferaram pelo mundo, na altura dos Descobrimentos.

Tudo remonta ao ano de 1400 a.c., na civilização Maia, com o cultivo de grãos de cacau e a “produção” de uma bebida de cacau, quente e amarga, feita com grãos de cacau triturados e especiarias. Posteriormente, os Astecas suavizaram a receita com uma mistura de baunilha e mel e começaram a bebê-la fria.

As oferendas a deuses eram muito comuns nestas civilizações e, a deusa Xochiquetzal, deusa da fertilidade, ficou para sempre associada ao chocolate. Era a ela (e também a outros deuses) que se oferecia, como sacrifício, o cacau – também conhecido por alimento dos deuses – porque se acreditava que era uma fonte de sabedoria espiritual, de energia e de maior desempenho sexual.

O cacau começou a ser usado em rituais antes dos casamentos e na noite de núpcias. Era um produto caro e, por isso, só as classes mais altas tinham acesso. Foi com o imperador asteca Montezuma que o chocolate se popularizou como produto afrodisíaco. Porquê? Tudo porque ele acreditava que o cacau despertava paixões sexuais, pelo que bebia 50 chávenas por dia para conseguir satisfazer todas as suas esposas.

 

São Valentim

Em todas as histórias há sempre um santo metido ao barulho. São Valentim é o nome atribuído pelo menos a três santos martirizados na Roma Antiga, mas o mais incrível é que nenhum deles está diretamente ligado ao amor romântico.

No entanto, reza a lenda que St. Valentine, um bispo romano, contra as ordens do imperador Claúdio II, continuou a realizar casamentos aos jovens apaixonados. Basicamente, juntava apaixonados num matrimónio envolto em secretismo e muita paixão. Acabou por ser preso e condenado à morte. Acredita-se que durante o período em que esteve preso, muitas foram as jovens a deixar flores e bilhetes a dizerem que ainda acreditavam no amor.

Já ouviram, com toda a certeza, o célebre final de carta: “Do teu Valentim”. Pois bem, o bispo apaixonou-se por uma jovem e, reza a lenda, que trocaram algumas cartas de amor. São Valentim viria a ser condenado à morte e acabou decapitado no dia 14 de fevereiro de 270. Até 1969, a Igreja Católica ainda celebrava o dia deste Santo, mas a falta de provas que validassem a história levou à retirada deste dia comemorativo.

 

Chegada do cacau à Europa e a Era Vitoriana

Na viagem de regresso da América, no início do séc. XVI, Cristóvão Colombo não veio de bolsos vazios para Espanha. Um século depois, o cacau entrou nos mercados de toda a Europa. A procura começou e criaram-se plantações nas colónias francesas da Índia Ocidental (Caraíbas) e nas colónias espanholas americanas.

Esta bebida dos deuses, não seria a mesma sem a invenção, em 1828, do químico holandês Johannes Van Houten: uma prensa que era capaz de separar a manteiga de cacau do cacau sólido. Iniciou-se aqui a transformação que hoje se conhece para produzir tabletes, bombons, etc.

Retomando o Dia dos Namorados, agora que já nos enquadrámos na época histórica em que tudo sofreu uma revolução, podemos continuar a desvendar o segredo do chocolate. O Dia dos Namorados começou a popularizar-se principalmente nos países de língua inglesa. O romantismo andava no ar e cavalheiro nenhum queria desiludir as damas quando as cortejavam. Presentes e cartões com as mais belas palavras de amor eram bem populares na década de 1840.

 

Richard Cadbury e o chocolate no Dia dos Namorados

O que começou com o melhoramento de uma técnica de fabrico do chocolate, acabou por tornar chocolates muito populares até aos dias de hoje.

A marca de chocolates Cadbury pertencia, na altura, a uma família britânica de fabrico de chocolate que tinha, recentemente, alterado a sua técnica de extração da manteiga de cacau. Com esta alteração, o chocolate tornou-se mais saboroso. No entanto, Richard Cadbury, responsável de vendas, tinha de solucionar um “problema”: uma quantidade enorme de manteiga de cacau não estava a ser utilizada. A necessidade aguça o engenho e começaram a produzir mais variedades de chocolate.

O chocolate virou cupido, na Era Vitoriana. Richard viu nesta necessidade de celebrar o amor e oferecer um presente uma excelente oportunidade, que veio a transformar a marca na principal líder na indústria chocolateira, naquela altura. Surgiu o produto emblemático, que permanece até hoje na memória: uma caixa em forma de coração decorada com rosas e cupidos – dois símbolos do romance na Era Vitoriana.

Ao contrário do que podem estar a pensar, não estamos a falar de umas caixas quaisquer. Uma caixa em forma de coração caiu mesmo bem num dia em que se pretende celebrar o romantismo. Na altura, a estratégia de marketing foi tão bem montada que a ideia de reutilizar a caixa tornou-a ainda mais popular. Para além de ter chocolates, a caixa, depois de vazia, podia ser usada para as damas guardarem as cartas de amor ou outros presentes. São tão famosas que ainda hoje são consideradas como itens valiosos para colecionadores.

Logo depois dava-se a II Guerra Mundial, que trouxe vários períodos de racionamento pela Europa. O chocolate e o açúcar foram apanhados na teia. A comercialização abrandou, mas por pouco tempo.

De resto e, até aos dias de hoje, é o que todos conhecem. Muito romance, muito amor e, claro está, chocolate a acompanhar. Afinal de contas a história mundial consegue influenciar a popularização de um produto.

 

Não se esqueçam que ainda vão a tempo de preparar uma surpresa especial com chocolate no Dia dos Namorados.

Até breve,

Raquel

 

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