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Chocolate e a demência: estimular o cérebro

Oi, oi

Já passaram algumas semanas depois de falar do projeto que pretende estimular o cérebro de pessoas com demência numa fase avançada, usando colheres de bambu com chocolate negro. Hoje quero explicar a forma como o chocolate consegue fazer a diferença na vida destas pessoas.

Fala-se muito da perda de memória ao longo dos anos, volta e meia até ouvimos “deixa para lá porque a minha memória já não é o que era”. No nosso organismo, a deterioração do desempenho cognitivo e comportamental é relativamente natural ao longo dos anos. E, tudo por causa da perda de um pequeno neurotransmissor, o Acetilcolina.

A idade pode à partida ser a principal desencadeadora desta perda, mas tal como qualquer órgão do nosso corpo, também o cérebro precisa de ser estimulado. Ele é como um músculo que precisa de constante exercício. Uma questão que pode não parecer pertinente, mas com toda a certeza vai colocar-vos a pensar: quantos números de telemóvel/telefone sabem de cor? É verdade fiamo-nos só na tecnologia para não nos esquecermos de nada.

 

Perda de capacidades com a demência

A demência começa a notar-se com a perda de capacidades básicas, por exemplo, de memorização, intelectuais, competências sociais e alterações das reações emocionais normais. São tudo perdas que se vão acentuando ao longo dos anos. Existem diversas formas, mas aquela que é talvez a mais falada é o Alzheimer.

O projeto criado no decorrer da intervenção psicosensorial de hOpeningDementia tem vindo a provar que, ainda que não exista uma cura para a doença é, no entanto, possível garantir alguma qualidade de vida se as pessoas forem estimuladas da forma mais correta. Garantir que possam comer sozinhas, mexerem os braços ou até mesmo abrir o olhos é já uma conquista para conseguirem restabelecer pequenas capacidades esquecidas.

O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela psicóloga Ana, com as colheres de bambu com chocolate negro, tem mostrado que os estímulos cerebrais podem muito bem ser desenvolvidos usando chocolate. Já muitos se podem ter questionado sobre a razão pela qual usamos colheres em vez de dar chocolate para a mão, a resposta é muito simples:

1)     Avaliação do gosto/paladar – Para avaliar os 4 gostos básicos do paladar humano de uma forma inovadora, divertida e prazerosa

2)     Estimulação sensorial (paladar, tato, olfato)

 

Flavonóis e o cérebro

Para além destas características palativas e físicas que vão despertando algumas reações, há muito que se fala dos benefícios do chocolate. Sabem a velha história de que o que faz mal em comer um pão, não é o pão, mas o que se coloca nele. Pois bem, o mesmo se passa com o chocolate. Um chocolate de boa qualidade e com um teor de cacau acima de 50% pode trazer benefícios para a saúde se consumido com moderação.

Ora vejamos que propriedades tem o chocolate que pode ajudar diretamente pessoas com demência, evitando o declínio cognitivo. Segundo um estudo da Columbia University publicado na Nature Neuroscience, existe uma relação entre os flavonóis – subgrupo dos flavonoides – presentes no cacau e o declínio cognitivo associado à idade.

Porquê o poder desta substância natural presente no cacau e outros frutos? Muito simples. Ainda que não se tenha a certeza de todas as características dos flavonóis, sabe-se que tem propriedades antioxidantes, ajudando a “neutralizar” os radicais livres do nosso organismo e evitando a deterioração celular.  Também se sabe, por outros estudos, que aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro, traduzindo-se numa melhor oxigenação cerebral e melhoramento do desempenho cognitivo.

Sabiam que uma dieta equilibrada e com Vitamina C pode potenciar as propriedades dos flavonóis do Cacau? O segredo é mesmo saber escolher os ingredientes que comemos.

Tantas coisas sobre o cacau e o chocolate que desconhecemos completamente. É um mundo inteiro para descobrir. Se ainda não tiveram oportunidade de conhecer o projeto convido-vos a ler o artigo “Chocolate e a demência: o projeto” que escrevi há umas semanas sobre o assunto.

 

Até à próxima,

Raquel